quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Do SESC/SP para a iniciativa privada - IV

Artistas promovidos no SESC/SP

Indico agora alguns dados que compilei e que sustentaram parte das percepções sobre o tema da evolução de certo perfil de shows internacionais em São Paulo nos últimos anos.

Compilei o número de artistas estrangeiros que foram trazidos para São Paulo por 5 dos principais promotores desse tipo de show (Marcos Boffa, Paola Wescher, Carlos Farinha, Eduardo Ramos e Ana Garcia).

Shows internacionais no SESC/SP:

1999 - 1 (Marcos Boffa)

2000 - 1 (Marcos Boffa)

2001 - 8 (Marcos Boffa)

2002 - 3 (Marcos Boffa)

2003 - 6 (4 de Marcos Boffa + 1 de Eduardo Ramos + 1 de Carlos Farinha)

2004 - 5 (2 de Marcos Boffa + 1 de Eduardo Ramos + 2 de Carlos Farinha)

2005 - 7 (2 de Marcos Boffa + 4 de Eduardo Ramos + 1 de Paola Wescher)

2006 - 2 (1 de Marcos Boffa + 1 de Ana Garcia)

2007 - 7 (4 de Marcos Boffa + 3 de Ana Garcia)

2008 - 4 (1 de Marcos Boffa + 2 de Ana Garcia + 1 de Paola Wescher)

Em relação às unidades do SESC/SP em que tais artistas se apresentaram, os dados podem ser assim organizados:

Pompéia - 28 artistas

Vila Mariana - 10 artistas

Santana - 3 artistas

Pinheiros, Belenzinho, São Carlos e Bauru - 1 artista cada

Os dados completos serão publicados em setembro.

Percebe-se uma preponderância do SESC Pompéia para o tipo de artista estrangeiro que venho abordando e uma queda da utilização do SESC/SP para shows desse perfil de artistas estrangeiros apenas em 2006 (continua).

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural do Ministério da Cultura - II

No site do Ministério da Cultura, são publicados os nomes de todos os artistas ou bandas que receberam recursos do Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural.

Foram poucos os nomes que eu reconheci na lista de beneficiados pelo programa.

Excluindo o Móveis Coloniais de Acaju, não encontrei nenhuma outra banda conhecida por mim entre os selecionados para viagens em julho, maio e abril (apenas preciso confirmar se o grupo selecionado em agosto e que leva "amor" no nome é o Do Amor, do Rio de Janeiro).

Já a lista dos selecionados para viagens de janeiro a março de 2008, como as entrevistas com algumas das bandas brasileiras que tocaram no SXSW 2008 revelaram, houve bandas que eu já conhecia: Nancy (R$ 6.452,00), Fruet e os Conzinheiros, (R$ 9.845,00), Abaetetuba & Thomas Rohrer (R$ 1.846,24) e Dilei (R$ 4.989,20).

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Comprador e Imagem

Retomando o texto de 5 de agosto, sobre os shows do Móveis Coloniais de Acaju na Europa, acho que o edital do MinC, mencionado nesse texto, é um instrumento que precisa ser melhor divulgado entre artistas e bandas.

Em uma entrevista que encontrei no site do Móveis Coloniais de Acaju, um integrante da banda explica que, na conferência organizada durante o Goiânia Noise 2007, conheceu o representante do Pukkelpop. O representante do festival assistiu ao show da banda e fez o convite para que eles tocassem no festival de 2008. Percebe-se que a vinda de profissionais estrangeiros para eventos de música no Brasil pode contribuir para que bandas brasileiras busquem o desenvolvimento de suas carreiras em outros países.

Além das iniciativas autônomas dos festivais independentes, o projeto “Comprador e Imagem”, da BMA/APEX, também tem o objetivo de fortalecer relações entre artistas brasileiros e profissionais de outros países.

Seria interessante que, aliado ao projeto “Comprador e Imagem” e às conferências realizadas nos festivais independentes, houvesse uma capacitação para que os artistas e bandas pudessem participar do Programa de Intercâmbio de Difusão Cultural do MinC.

O projeto da BMA/APEX de 2008 teve início há poucos dias atrás. No site da BMA, está escrito: “Os Projetos Comprador e Imagem consistem na vinda de profissionais de mídia e compradores internacionais ao Brasil para se encontrarem com produtores musicais e artistas brasileiros, tendo como objetivo a promoção e a geração de negócios. A edição deste ano ocorrerá do dia 16 a 25 de agosto, nas cidades mencionadas acima”.

Trata-se de uma ótima iniciativa. Para fortalecer o debate sobre esse tipo de projeto, seria importante que a BMA/APEX tivesse publicado um relatório sobre os negócios gerados com o projeto em 2007 e assim o fizesse em relação aos demais projetos.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Do SESC/SP para a iniciativa privada - III

Ausência de infra-estrutura privada e início da formação do mercado

No final da década de 90, o mercado de música independente no Brasil estava em uma fase bastante embrionária (estou falando do mercado de música independente ao qual estava vinculado como consumidor e no qual, mais tarde e com menor intensidade, atuei como agente econômico).

Havia selos que lançavam artistas em fitas K-7 (depois veio o CD-R e o CD), pequenos shows, pequenos clubes, fanzines e o começo da Internet[1], que contribuiu para que as pessoas com interesses comuns se encontrassem.

Com o passar dos anos, os selos foram se estruturando juridicamente e empresarialmente; o público foi crescendo e se informando cada vez mais; os clubes e casas de show foram se desenvolvendo em tamanho e qualidade; a possibilidade de distribuição nacional de CDS tornou-se realidade para os selos independentes[2] e a troca de arquivos na Internet chegou de modo avassaladora[3] (e isso foi bom, só para deixar claro).

Nesse processo, os shows de bandas internacionais que ocorriam no SESC/SP, em especial no SESC Pompéia, eram as mais estruturadas manifestações empresariais e artísticas desse cenário.

O SESC Pompéia era o lugar onde as pessoas se encontravam e onde algumas das românticas feiras dos selos independentes aconteciam.

O principal promotor das bandas estrangeiras que vinham ao Brasil, no início da década, foi Marcos Boffa[4]. Conversei com ele recentemente sobre essa época.

As primeiras perguntas que fiz a ele foram: “Por que o SESC/SP? Quais eram os atrativos? Era a única possibilidade de trazer as bandas ao Brasil?”. Antes mesmo de comentar as respostas de Boffa, vou explicar os porquês das perguntas.

Formulei essas perguntas para entender se eu e Boffa concordaríamos em alguns pontos. A minha opinião é a seguinte: em um ambiente em que a iniciativa privada fornecedora de produtos ou serviços para esse público ainda se estruturava, um interlocutor como o SESC/SP era algo raro (Continua).

[1] A Internet comercial no Brasil teve início em 1995.

[2] A Tratore foi inaugurada em 2002 (“Distribuidoras emplacam indies”, 26.09.06, Folha de São Paulo, Ilustrada, Adriana Ferreira Silva). A Distribuidora Independente, vinculada à Trama, funcionou entre 2002 e 2007. A Associação Brasileira da Música Independente (ABMI) foi criada em 2002.

[3] A troca de arquivos pela Internet foi especialmente cruel com os selos brasileiros que estavam começando a se estruturar. Se os selos norte-americanos e ingleses sofreram ao pensar novos modelos de negócio, para os brasileiros, quase todos recém criados e sem os anos de experiência desfrutados desde a década de 80 e 90 pelos selos norte-americanos e ingleses, a situação foi mais drástica. A distribuição nacional tornou-se uma realidade para os selos brasileiros e, quase que concomitantemente, a troca de arquivos por meio da Internet desenvolvia-se em progressão geométrica. Houve pouco tempo para o amadurecimento do mercado fonográfico independente, pois o modelo de negócio estava em transição. Mas isso é outra história.

[4] Outros promotores também atuaram no mesmo período. Paola Wescher (Squat) realizou festivais com várias atrações internacionais na primeira metade da década: Curitiba Pop Festival (2003-2004) e Curitiba Rock Festival (2005). Para a cidade de São Paulo, trouxe os seguintes artistas (em conjunto com a empresa Inker): Nada Surf (Urbano, 2004), Wax Poetic (Pompéia, 2005), Eight Legs (Studio SP, 2007), Bloody Social (Vegas, 2007), Josh Rouse (Vila Mariana, 2008) e colaborou com o Campari Rock (2005-2006). Carlos Farinha (Bizarre Music) trouxe os seguintes artistas para São Paulo: Stereo Total (Pompéia, 2003), Cobra Killer (Pompéia, 2004), Le Hammond Inferno (Pompéia, 2004), Tarwater (Itaú Cultural, Resfest, 2005), Miho Hatori (Cinemateca Brasileira, Resfest, 2007), Akron/Family (Cinemateca Brasileira, Resfest, 2007) e My Brightest Diamond (Cinemateca Brasileira, Resfest, 2007). Eduardo Ramos (Slag), com quem colaborei, promoveu shows dos seguintes artistas: Nice Man (Pompéia, 2003), Teenage Fanclub (Pompéia, 2004), Damo Suzuki (Pompéia, 2005), Fennesz (Pompéia, 2005), Wolf Eyes (Pompéia, 2005), Television (Pompéia, 2005), 1990s (Coppola, 2006), Gruff Rhys (Studio SP, 2007), Four Tet (Studio SP, 2007), King Creosote (Studio SP, 2007) e Max Tundra (Studio SP, 2008). Infelizmente não consegui conversar com Carlos Farinha para confirmar essas informações. Creio que existem outras pessoas que trouxeram artistas estrangeiros para se apresentarem no Brasil, mas, para limitar a etapa de compilação dos dados, era importante fazer um corte. Optei por deixar de fora os promotores de shows de hardcore e metal, pois eu nunca estive muito perto dessa realidade, o que demandaria mais pesquisa para conhecê-la, e ela não tem muitos pontos de contato com os artistas ou palcos mencionados neste texto.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Casas de show em São Paulo

Fiz um levantamento sobre o número de casas de shows/clubes que, em minha opinião, dialogam com partes maiores ou menores de um mesmo público e artistas na cidade de São Paulo.

Listei 21 estabelecimentos. O mais antigo foi inaugurado em 1999 e o mais novo, em 2008. A lista em ordem alfabética é (entre parênteses, indico a data da inauguração):

Astronete (janeiro de 2007)

Atari Club (fevereiro de 2008)

Audio Delicatessen (dezembro de 2006)

Bar B (novembro de 2006)

Berlin (agosto de 2005)

CB (março de 2006)

Clash (fevereiro de 2007)

Coppola Music (2004)

D-Edge (2003)

DJ Club (2000)

Fun House (agosto de 2002)

Glória (maio de 2006)

Grazie a Dio (junho de 1999)

Lady Hell (fevereiro de 2007)

Inferno (outubro de 2006)

Milo (dezembro de 2004)

Outs (julho de 2003)

Praga (outubro de 2007)

Studio SP (novembro de 2005)

Vegas (junho de 2005)

Toy Lounge (outubro de 2005)

Percebi o seguinte padrão: entre 2005 e 2007, ocorreram 13 inaugurações.

Sem entrar na discussão sobre, por exemplo, a infra-estrutura para shows que cada um desses estabelecimentos oferece, creio que o simples número absoluto de inaugurações nos últimos anos é indicativo de que houve um desenvolvimento recente de espaços para festas e shows em São Paulo.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Estatísticas de julho

179 visitantes;

335 page views; e

152 visitantes únicos.

A média de tempo no site foi de 9 minutos e 18 segundos por visitante.

Estatísticas de junho

134 visitantes;

209 page views; e

114 visitantes únicos.

A média de tempo no site foi de 14 minutos e 28 segundos por visitante.

Do SESC/SP para a iniciativa privada - II

A trajetória de certo perfil de shows internacionais na cidade de São Paulo e a evolução do mercado para a música independente

No início da década atual, o SESC/SP foi um apoio importante, se não essencial, para que o público da cidade de São Paulo pudesse contar com shows de novas bandas e artistas estrangeiros (em sua maioria, norte-americanos e britânicos).

Os shows ocorriam com certa freqüência e ir ao SESC Pompéia, a unidade do SESC/SP que mais apoiava esse tipo de atividade, era uma constante para muitas pessoas, inclusive eu mesmo.

Entrei em contato com Marcos Boffa para conversar sobre o assunto, pois ele foi o promotor que mais shows internacionais realizou na época indicada acima. Boffa confirmou a lista dos shows que promoveu e que passaram pelo SESC/SP. No lugar de rotular a estética das bandas que Boffa trouxe ao Brasil, vou nomear algumas: Superchunk, Yo La Tengo, Stereolab, Mogwai, Tortoise, Sam Prekop, Man or Astroman, Trans AM, Luna, Chicago Underground Duo, Cat Power, Stephen Malkmus e Tony Allen. Além de Marcos Boffa, conversei também com outros promotores (Ana Garcia e Paola Wescher), com o proprietário de uma casa de show (Alexandre Youssef, do Studio SP) e com uma representante do SESC/SP (Mônica Carnieto).

Estava lembrando disso recentemente, enquanto reparava que há muito tempo eu não freqüentava o SESC Pompéia, e fiquei pensando sobre o porquê dessa menor preponderância da instituição nesse cenário (pressupondo que minha percepção era verdadeira...).

Compilei algumas hipóteses:

- desinteresse do SESC/SP em contratar bandas estrangeiras esteticamente próximas às bandas mencionadas acima;

- desinteresse dos promotores brasileiros em realizarem shows internacionais no SESC/SP;

- redução generalizada do número de artistas estrangeiros se apresentando no Brasil;

- fortalecimento da iniciativa privada na promoção de shows internacionais (casas de show e festivais patrocinados por grandes empresas).

Os próximos textos vão desenvolver algumas idéias sobre essas hipóteses e o que eu considero que houve efetivamente: uma migração dos shows que antes eram realizados no SESC/SP para a iniciativa privada.

Obs.: desenvolvi os textos ao longo das últimas semanas. Além das pessoas já mencionadas acima, agradeço aos amigos que leram os textos e enviaram comentários sobre o mesmo: Dago Donato, Eduardo Ramos, Flávio Seixlack, Guilherme Barrella, Juliano Polimeno e Pena Schmidt.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

BAFIM 2008

BAFIM (Feira Internacional da Música de Buenos Aires) é uma das principal feiras de música e negócios da América Latina.

Em 2008, ocorrerá a terceira edição do evento, entre os dias 3 e 7 de setembro.

O festival conta com 5 palcos para apresentações ao vivo, área onde ocorrerão as conferências e reuniões de negócios (MusicNet) e uma área aberta ao público, com stands de importantes empresas argentinas e de outros países (serão mais de 60 expositores esse ano).

Conheci em março uma das pessoas que organizam o BAFIM, Mariana Markowiecki.

A feira é uma ótima oportunidade para artistas e bandas brasileiras se aproximarem do mercado argentino.

Nos anos anteriores, os seguintes representantes brasileiros participaram das mesas de debates do BAFIM: Marinilda Boulay (Guia do Mercado Brasileiro da Música e representante do MIDEM na América Latina), Gustavo de Vasconcellos (FMI), Eduardo Muskat (MCD), Bruno Boulay (representante no Brasil do Escritório de Exportação da Música Francesa), Paulo André (Porto Musical), Felipe Llerena (iMusica), Deborah Sztajnberg (Debs Consulting), Fabrício Nobre (Abrafin), entre outros.

Em breve, a programação artística e das mesas de debates serão divulgadas.

A BMA/APEX, em parceria com a ABMI e a Abrafin, terão um stand na feira. Além disso, a BMA/APEX selecionou 10 artistas brasileiros para se apresentarem na feira (as informações foram publicadas no site da BMA no dia 08.07.08). Três deles serão escolhidos pelos organizadores da BAFIM para se apresentarem na edição de 2008.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural do Ministério da Cultura

O Ministério da Cultura tem um programa denominado “de Intercâmbio e Difusão Cultural”, desenvolvido pela Secretaria de Incentivo e Fomento à Cultura (Sefic/MinC), para viagens no Brasil e para fora do país.

Atualmente, encontra-se em vigor o Edital de Intercâmbio no. 2/2008, que teve início em julho de 2008 e se encerra em março de 2009. O edital é aberto para pessoas físicas, instituições, artistas e bandas.

Esses são os próximos prazos (mês da viagem – prazo para participar do edital):

Novembro de 2008 - 31 de agosto
Dezembro de 2008 - 30 de setembro
Janeiro de 2009 - 31 de outubro
Fevereiro e Março de 2009 - 30 de novembro

Visitando o site do MinC, reparei que na lista de artistas selecionados para viagens em agosto estava o nome do Móveis Coloniais de Acaju. A banda obteve recursos no valor de R$ 14.501,94. Entrei em contato com a banda e enviei algumas perguntas para os integrantes. A finalidade da entrevista é entrar em contato com a experiência do Móveis no programa do MinC. A banda está nos preparativos finais para sua primeira turnê na Europa. As respostas podem demorar um pouco para chegarem, mas, quando eu as receber, serão publicadas aqui.

1 – Foi a primeira vez que o Móveis tentou participar desse programa? Foi a primeira vez que obteve sucesso e foi selecionado?

2 – Como a banda ficou sabendo do programa?

3 – Quais as maiores dificuldades enfrentadas para participar do programa? Quem foi o responsável por se dedicar ao processo que culminou na obtenção dos recursos?

4 – Como o dinheiro será investido? Li uma notícia sobre a futura turnê do Móveis pela Europa(tocam dia 16 de agosto no Pukkelpop). Essa é a finalidade dos recursos (subsidiar os shows fora do país)?

5 – Você poderia falar um pouco sobre os shows que ocorrerão na Europa e de como foi o processo para organizar a turnê (quem foi o responsável, quais as datas, lugares em que vão tocar, quais as dificuldades, facilidades...)?