sexta-feira, 4 de abril de 2008

Mercado digital - UOL Megastore

Retomando o post de 19 de março, publico as respostas enviadas por Jan Fjeld, diretor da UOL Megastore. Agradeço Jan pela atenção e tempo dedicado.

1 – Desde quando a loja existe?

R.: A loja entrou online em maio de 2006.

2 – Qual o crescimento que a loja apresentou em 2006? E em 2007? Gostaria de obter as respostas tanto no quesito número de downloads vendidos quanto no quesito receita gerada com a venda de downloads. Se ficar confortável em divulgar os números absolutos, eu gostaria de ter acesso aos mesmos.

R.: Não podemos divulgar os números por ser uma empresa aberta, mas crescemos em volume de downloads comparando o período maio-dezembro de 2006 com o mesmo em 2007 em 47%.

3 – Qual o perfil do comprador da loja? Como a existência de apenas um perfil é questionável, o que tornaria a pergunta genérica demais, indique o perfil dos compradores que representam a maior porcentagem de seus clientes.

R.: Não há um perfil único, mas notamos que - a margem é pequena - a maior parte dos usuários tem o perfil usuário UOL, segmento música (UOL Música, Rádio UOL, Megastore, parceiros como VagaLume, Achei Cifras e etc.). Sexo: Homens 54% / Mulheres 46%. Idade: 2 a 11 anos - 4%; 12 a 17 anos - 29%; 18 a 24 anos - 24%; 25 a 34 anos - 14%; 35 a 49 anos - 20%; 50 ou + - 8%. Fonte: Ibote/Netratings (agosto de 07).

4 – Qual a atual situação do mercado digital no qual sua empresa se insere e quais as perspectivas para o futuro?

R.:
Estamos num mercado novo, muito abalado pela pirataria P2P e a total falta de ações por parte da indústria para combater a pirataria e oferecer soluções atraentes aos consumidores de música. Os preços no formato digital ainda são altos e não ajudam a desenvolver o mercado digital. A indústria foi muito lenta em resolver as questões referente ao uso ou não do DRM. Tenho a impressão que na cabeça do usuário, o DRM ficou sinônimo de um vírus. A mídia também trata o assunto levianamente. Os exemplos são diários em que a mídia divulga lançamentos que, por vias ilegais, estão disponíveis nos serviços P2P sem, em nenhum momento, avisar aos leitores que é crime tanto oferecer como baixar estes mesmos lançamentos. A jurisprudência brasileira já deixou claro que é crime deixar títulos disponíveis para outros baixarem via P2P independentemente de ganho financeiro. Há um caso curioso na China no ano passado em que o Yahoo foi condenado sendo co-responsável em incentiver a pirataria por não fazer nada para impedir os seus usuários ao acessar redes ilegais de P2P. Falta conscientização.

Todos as grandes gravadoras - salvo a EMI - baixaram os preços para R$ 1,99 a faixa. Warner cobra R$ 1,89. A Universal baixou de R$ 2,49 a faixa para R$ 1,99 agora em 01 de abril. Estima-se que o brasileiro (classe A e B) baixaram 1,8 bilhão de faixas ilegais em 2007. Vide notícia em:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u366787.shtml

A EMI já tomou a decisão de vender o seu catálogo sem DRM no ano passado. A Universal começou um teste no mesmo sentido em grande escala via amazon.com também no ano passado (estima-se approx. 70% do catálogo desta gravadora) e, tanto a Sony BMG como a Warner sinalizaram que vão seguir o exemplo. Por aqui ainda não temos uma posição firme neste sentido de nenhuma das grandes e há ainda as associações ABER e ABEM (que negociam coletivamente em nome das editoras que administram os direito autorais tanto com as gravadoras como os serviços ISPs de download) que lutam contra a mudança para download sem DRM. E, sem a colaboração as partes na cadeia alimentar da música para fortalecer o mercado digital, nada feito.

Mesmo assim, estamos otimistas (entusiastas e otimistas). As perspectivas são boas; como você cita na pergunta 5, o mercado de música na internet, segundo a ABPD (não sei bem a métrica da ABPD, seria interessante saber), representa 24% do mercado digital, uma fatia que tende a crescer muito. Vimos um bom crescimento no ano passado em volume de faixas baixadas, o serviço está seguro, funcionando bem e o catálogo crescendo rapidamente (atualmente com 600K ++ músicas). Estamos vendo o efeito cauda longa; quase 60% do que vendemos são títulos fora de catálogo e títulos só disponíveis no formato digital. A nossa clientela vem do Brasil inteiro e, o nosso cliente gasta muito. Temos poucos clientes mas, quem compra, compra muito. Acredtito que podemos oferecer um catálogo bom no formato MP3 até o final do ano como também oferecer um catálogo razoável de vídeo (programas de TV, seriados, filmes, curtas, cartoons e etc.). Há pesquisas do mercado norte-americano que mostra que a porcentagem que utilize os P2P hoje, é bem menor do que há dois anos, especialmente entre os jovens. (Não achei essa pesquisa aqui agora, mas vou achar para te mandar.) A disponibilidade de uma opção legal e atraente aos consumidores é uma alternativa viável. Fato é que, na semana que fechou no dia 09/03, vendeu-se 20,120,000 faixas via download só nos EUA. Neste mesmo país, vendeu-se, até a mesma data, 09/03, em 2008, 219,518,000 de faixas via download, uma melhora de 26,6% comparando com o mesmo período do ano passado. Os números são do Nielsen SoundScan.

5 – A ABPD divulgou (notícia mais recente do site) que as receitas com música digital no Brasil aumentaram 185% em 2007, sendo que as receitas obtidas por meio da telefonia celular cresceram 157% (representando 76% do total do mercado digital). Segundo a ABPD, licenciamentos e vendas na Internet, em 2007, representaram 24% do mercado digital. Desses 24%, quantos por cento são provenientes de sua empresa? Em outras palavras, qual o fatia de mercado de sua empresa?

R.: Não sei responder. Não conheço a métrica da ABPD.

6 – Qual o estilo musical mais é vendido na loja?

R.: MPB.

7 – Você considera que a qualidade dos arquivos digitais poderá futuramente agregar valor à atividade econômica de venda de faixas em suporte digital? Ou a experiência atual do consumidor de música em formato digital já está consolidada e não levará em consideração a qualidade técnica do fonograma que escuta?

R.: Acredito que sim, a partir desta segunda semana de abril, começamos a oferecer faixas no formato MP3 com a compressão 256kbps. A maior parte do catálogo atual é no formato WMA na compressão 197kbps. Por enquanto são títulos dos independentes brasileiros e um pequeno catálogo de rock clássico que serão oferecidos neste formato com a compressão melhor. Mesmo que, segundo os experts, acima de 192kbps as diferenças não são audíveis ao ser humano, acredito que terá um efeito positivo. As grandes também tomarão melhor cuidado na hora de converter o seu acervo antigo para os novos formatos. Por exemplo, a Universal está reativando mais de 60K de títulos que estavam fora de catálogo e fora do mercado numa qualidade superior ao que tinha feito até então.

8 – Quais os planos para 2008? Mencione os principais obstáculos e metas da empresa.

R.: O principal obstáculo é a pirataria P2P e a falta de respeito pela propriedade. Só porque algo está disponível e a tecnologia permite, não significa que é legal baixar. Há muito desinformação e a grande mídia está sendo muito leviana no tratar das questões de proteção e de propriedade. As principais metas mencionei na resposta 4, auemento do catálogo, música sem DRM numa qualidade melhor e títulos em vídeo.

9 – O DRM é um obstáculo a ser superado?

R.: Vide respostas 4, 7 e 8.

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