terça-feira, 12 de agosto de 2008

Do SESC/SP para a iniciativa privada - II

A trajetória de certo perfil de shows internacionais na cidade de São Paulo e a evolução do mercado para a música independente

No início da década atual, o SESC/SP foi um apoio importante, se não essencial, para que o público da cidade de São Paulo pudesse contar com shows de novas bandas e artistas estrangeiros (em sua maioria, norte-americanos e britânicos).

Os shows ocorriam com certa freqüência e ir ao SESC Pompéia, a unidade do SESC/SP que mais apoiava esse tipo de atividade, era uma constante para muitas pessoas, inclusive eu mesmo.

Entrei em contato com Marcos Boffa para conversar sobre o assunto, pois ele foi o promotor que mais shows internacionais realizou na época indicada acima. Boffa confirmou a lista dos shows que promoveu e que passaram pelo SESC/SP. No lugar de rotular a estética das bandas que Boffa trouxe ao Brasil, vou nomear algumas: Superchunk, Yo La Tengo, Stereolab, Mogwai, Tortoise, Sam Prekop, Man or Astroman, Trans AM, Luna, Chicago Underground Duo, Cat Power, Stephen Malkmus e Tony Allen. Além de Marcos Boffa, conversei também com outros promotores (Ana Garcia e Paola Wescher), com o proprietário de uma casa de show (Alexandre Youssef, do Studio SP) e com uma representante do SESC/SP (Mônica Carnieto).

Estava lembrando disso recentemente, enquanto reparava que há muito tempo eu não freqüentava o SESC Pompéia, e fiquei pensando sobre o porquê dessa menor preponderância da instituição nesse cenário (pressupondo que minha percepção era verdadeira...).

Compilei algumas hipóteses:

- desinteresse do SESC/SP em contratar bandas estrangeiras esteticamente próximas às bandas mencionadas acima;

- desinteresse dos promotores brasileiros em realizarem shows internacionais no SESC/SP;

- redução generalizada do número de artistas estrangeiros se apresentando no Brasil;

- fortalecimento da iniciativa privada na promoção de shows internacionais (casas de show e festivais patrocinados por grandes empresas).

Os próximos textos vão desenvolver algumas idéias sobre essas hipóteses e o que eu considero que houve efetivamente: uma migração dos shows que antes eram realizados no SESC/SP para a iniciativa privada.

Obs.: desenvolvi os textos ao longo das últimas semanas. Além das pessoas já mencionadas acima, agradeço aos amigos que leram os textos e enviaram comentários sobre o mesmo: Dago Donato, Eduardo Ramos, Flávio Seixlack, Guilherme Barrella, Juliano Polimeno e Pena Schmidt.

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