segunda-feira, 17 de março de 2008

O papel das feiras de música

Não posso dizer que sou um grande freqüentador de feiras de música. Devo ter participado de quatro eventos. No entanto, já conversei com pessoas que participam freqüentemente de conferências sobre o mercado de música, quer no Brasil, quer no exterior.

Nos últimos anos, os festivais brasileiros passaram a também organizar conferências sobre o mercado de música, em paralelo às apresentações de artistas e bandas, foco de tais eventos. Além disso, há as feiras em que as apresentações ao vivo são acessórias em relação às conferências, seminários ou painéis.

Mas há um ponto em comum nos vários eventos existentes: não há efetiva produção e divulgação de conhecimento sobre o mercado de música.

Pessoas são convidadas para participarem de mesas de debates, não necessariamente se informam sobre o foco do debate (os temas normalmente são genéricos o bastante a ponto de inviabilizarem até mesmo especulações sobre o foco de certa mesa de debates), não há diálogo prévio com a coordenação do evento ou com o moderador do debate, não há informações sobre o perfil das pessoas que assistirão ao evento, não há compromisso por parte dos debatedores em enviar textos prévios relacionados ao tema a ser debatido (tais textos poderiam ser publicados no site do evento e, desse modo, o tempo do debate efetivo poderia ser potencializado) etc..

Em resumo: os debates são soltos, desfocados, cada participante fala o que quer, a moderação é figurativa, não há efetivo diálogo, não há compromisso com conclusões (por mínimas que sejam) e não há difusão da informação que circulou para além da sala que abrigou o debate e dos presentes no evento.

Seria muito produtivo que cada vez mais as feiras de música no Brasil tentassem melhorar o modo como se organizam. Não ignoro o fato de que as feiras são locais para se fazer contatos, iniciar diálogos ou concretizar negócios. Mas, diante da inexistência de literatura sobre o mercado de música no Brasil, as feiras de música deveriam assumir o compromisso de efetivamente coordenar e difundir opiniões e conhecimentos sobre o mercado. Aproveitar que tanto tempo e dinheiro foi gasto para reunir pessoas em um mesmo lugar para, então, tentar extrair o máximo de tais encontros.

Um evento interessante foi realizado pela Chappa, do Rio de Janeiro. Eles publicaram entrevistas com os debatedores antes que o evento tivesse início e publicaram matérias em seu site relatando como foram os diferentes debates que promoveram.

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