domingo, 10 de fevereiro de 2008

SXSW 2008 (2) - MQN e Pierre Aderne respondem

MQN - Fabrício Nobre


1 – Quantos shows a banda já fez fora do Brasil? Onde foram?

R.: Já fizemos uma gravação nos Estados Unidos em 2001, uma tour em 2003 com 6 shows e uma tour na Argentina, no ano passado, com 5 shows.

2 – Por que ir para o South by Southwest é importante? Quando o planejamento para ir para o South by Southwest teve início?

R.: Tocamos lá em 2003, e é genial ter a oportunidade de voltar. Tocar no SXSW dá uma outra visibilidade para a banda. Esse é hoje talvez o evento de musica alternativa mais importante da América do Norte. Todos os selos, bookers, agências, outros festivais, escritórios de exportação de música de diversos países, estão por lá. Fora que você cruza com um monte de banda para novas parcerias e encontra velhos amigos.
Todo o planejamento do MQN é feito com pelo menos de um ano a 6 meses de antecedência.


3 – Quais os principais obstáculos enfrentados para concretizar a idéia de ir para o South by Southwest?

R.: Visto americano, que felizmente a gente já tem. Ser selecionado (claro!), já que tem gente que acha que é só se inscrever, mas na real não é. Eu mesmo inscrevi bandas que não foram selecionadas. E, obviamente, a grana para poder fazer a viagem.

4 – Quem está pagando os custos para a banda ir para o South by Southwest? Houve algum apoio estatal?

R.: A banda e alguns apoios privados. Não tivemos suporte estatal nenhum para poder ir ao festival. Tentamos o edital de passagem do MinC, lei de incentivo local, apoio do SEBRAE local, e etc, mas infelizmente não rolou. Temos apoio de uma agência de viagem que está dando uma das passagens, que é a agência de quem nós compramos passagens para todos os shows do MQN fora de Goiânia, o cara é um baita parceiro. Uma passagem é minha que vou representar a ABRAFIN lá. Eu vou apresentar um painel sobre a ABRAFIN e circuito brasileiros de festivais. Uma outra forma foram os shows que vendemos antecipadamente. Disso, pegamos uma grana de contratante e vamos pagar com shows já agendados depois. Concluindo, isso tudo é grana da banda mesmo, e a outra estamos rachando por 4, botando do bolso.

Complemento: Em relação a uma parte da sua resposta 4 em que você diz: "Uma outra forma foram os shows que vendemos antecipadamente. Disso, pegamos uma grana de contratante e vamos pagar com shows já agendados depois". Você pretendeu dizer que está usando cachês dos shows nos EUA que já te pagaram antecipadamente para ajudar nos custos da tour ("pegar grana de contratante")?

R.: Sim.

Complemento: "Pagar com shows já agendados depois" significa que parte dos custos da ida para os EUA será coberta por shows que vocês fizerem no Brasil depois?

R.: Sim. (A continuação da resposta 4 de Fabrício Nobre segue abaixo).

Com relação às hospedagens, vamos ficar na casa de um grande amigo em Austin e depois vamos fazer uma tour, ficando na casa das bandas com quem vamos tocar. As granas dos shows pagam transporte inteiro e alimentação.
Estamos aguardando um apoio estatal ainda, espero uma resposta positiva da APEX / BM&A, para essa semana. Algumas bandas pediram ajuda e a gente também.
Nada mais justo, está na hora do foco da exportação de musica brasileira mudar um pouco. Genial é a participação em WOMEX, MIDEM, POPKKOM, etc etc etc, mas tá na hora de entender que a musica brasileira de exportação é muito além de samba e bossa nova, ou world music. Nada contra, acho espetacular ver SIBA, CABRUEIRA, ou mesmo GIL nos palcos mundo a fora. Mas, o governo parece ignorar que somos o país do SEPULTURA, CSS, BONDE DO ROLE, KRISIUN, RATOS DE PORÃO, THEE BUTCHER'S ORCHESTRA, DEBATE, JASON, B NEGÃO, AUTORAMAS, DEAD ROCKS, do próprio MQN ou LUCY AND THE POPSONICS. Todas bandas que têm discos, lançados fora do país, fazem tour longas bancadas muitas vezes pela própria banda ou em parceria com contratantes, etc etc etc. E que existem ótimos mercados de música indie, punk, metal, eletrônica, stoner, ou etc. Todas essas bandas são tão brasileiras quanto qualquer outra, e que com apoio dos escritórios de exportação detonariam o mundo a fora, levando a verdadeira nova musica urbana brasileira. Uma cultura brasileira fora de estereotipo e pronta para mercado mundial. Viajo muito aos festivais internacionais como produtor (Monstro / Abrafin) e vejo o interesse absurdo que se tem por essa música brasileira também. Pelo rock independente brasileiro, pelo metal, hardcore, indie, eletro etc.
Os escritórios de exportação de música francesa, dinamarquesa, sueca, holandesa, belga, canadense, japonesa fazem isso. Tá mais que na hora dos MinC, Apex e etc, investirem realmente nisso. Sei que existe o investimento, mas é pouco, e não existe um estudo mais profundo sobre isso. Sei também que existe dinheiro.



5 – Além do South by Southwest, a banda vai aproveitar para fazer mais shows no exterior? Onde e quantos?

R.: Sim, cerca de 7 ou 8 em 12 dias, na região do Texas, e no noroeste , região de Seattle, que é onde nosso selo parceiro Estrus Records funciona.

6 – A empreitada será deficitária ou superavitária?

R.: O empate é um bom resultado!

Complemento: Sobre sua resposta 6, eu entendi a colocação e tudo mais. Mas talvez eu queira aglutinar algumas respostas dos 14 artistas brasileiros por meio de porcentagens. Em função disso, queria pedir para você uma resposta mais precisa sobre a expectativa da tour. Em função da sua resposta, posso entender que as contas que vocês estão fazendo indicam que haverá um equilíbrio entre entrada e saída ou seria mais preciso dizer que as contas devem terminar deficitárias?

R.: Devemos perder um pouco de grana, sim, mas encaro como investimento. Ou na pior das hipóteses uma baita viagem com meus melhores amigos, fazendo a coisa que mais gosto na vida.


7 – Qual a expectativa da banda com a participação no SXSW?

R.: Esperamos tocar num showcase melhor desta vez, e espero que o grande número de bandas brasileiras participantes chame mais atenção ainda para os shows das bandas brasileiras.

Complemento: A banda tem alguma expectativa empresarial objetiva (por exemplo: receber convites para mais shows, imprensa, propostas de licenciamento, etc.)?

R.: Sim, estamos armando um tour na Europa para esse ano ainda, e contatos serão feitos no SXSW, estamos negociando o licenciamento de todos os discos da banda para distribuição digital nos USA, e talvez lançamento de uma coletânea de 10 anos da banda nos Estados Unidos e na Europa, e a imprensa americana, e principalmente a brasileira dão muito destaque para esse tipo de ação (a coletânea já saiu na Argentina).


Pierre Aderne


1 – Quantos shows você já fez fora do Brasil? Onde foram?

R.: Fiz ano passado no SXSW. Abri o show do Ben Harper em Lisboa 2006, Sagres Surf Fest também em Portugal ao lado de Patrice e Slightly Stoopid e uma turnê no Japão em Setembro passado (Tokyo, Nagoya e Kamakura).

2 – Por que ir para o South by Southwest é importante? Quando o planejamentopara ir para o South by Southwest teve início? Você participou do SXSW 2007. Como foi essa experiência?

R.: O SXSW de 2007 foi incrível, parecia que eu tava voltando pro verão "flower Power" de 67, um clima Hippie, cada um na sua e todos num "together", soube do festival (dica do produtor que me levou a Portugal), entrei no site e fui convidado.
O show foi incrível e até hoje recebo novos amigos no myspace que chegaram a minha música através do festival. O planejamento para o SXSW 2008 começou em agosto do ano passado. No meu show fui procurado pelo presidente da Putumayo Records (Don Stopper), falou que queria colocar uma música minha numa coletânea (o que ainda não aconteceu).

3 – Quais os principais obstáculos enfrentados para concretizar a idéia deir para o South by Southwest?

R.: Você escolhe um cachê de U$ 400 ou passaporte pra ver o resto dos shows, a grana é curta, ano passado fui beneficiado com projeto de passagens aéreas do MINC, se não tiver apoio tem que ir por conta própria.

Complemento: Qual o nome do projeto/edital do qual participou no MINC e que lhe beneficiou as passagens aéreas internacionais para Austin?

R.: Sim, recebemos as passagens para Austin (3 pessoas), se chama Edital de passagens aéreas.

Complemento: Você também obteve esse benefício para o SXSW 2008?

R.: Não, me parece que o edital ainda não foi aberto.

4 – Quem está pagando os custos para a banda ir para o South by Southwest? Houve algum apoio estatal?

R.: Respondida na anterior.

5 – Além do South by Southwest, a banda vai aproveitar para fazer mais showsno exterior? Onde e quantos?

R.: Tive convite da radio KUT de Austin pra um show ao vivo na radio, além disso, um show ainda não confirmado em NY.

6 – A empreitada será deficitária ou superavitária?

R.: Levando em conta que arte é patrimônio e fazer o SXSW é aumentar esse patrimônio, sem dúvida, superavitária, o dinheiro vai estar me esperando na próxima estação.

Complemento: Eu entendo que os conceitos de déficit e superávit são relativos em função dos resultados que se espera colher (longo prazo ou curto prazo). Talvez eu queira aglutinar algumas respostas dos 14 artistas brasileiros por meio de porcentagens. Em função disso, eu poderia entender sua resposta 6 como sendo assim "Haverá um déficit com a ida ao SXSW 2008, mas eu o encaro como um investimento em minha carreira"?

R.: Mais ou menos isso e caso sejam confirmados os shows de NYC ficamos com um ótimo 0x0.

7 – Qual é a expectativa com a participação no SXSW?

R.: Tocar, cantar e falar para um público que ainda decide com os ouvidos o que quer escutar, trocar figurinha com outros artistas do mundo, parcerias e convites pra levar meu circo mundo a fora.

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