segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

SXSW 2008 (4) - Telerama e Tita Lima respondem

Telerama - Igor Miná

1 – Quantos shows a banda já fez fora do Brasil? Onde foram?

R.: Haha, nenhum! Até o convite pro festival, nenhum de nós tinha sequer passaporte!

2 – Por que ir para o South by Southwest é importante? Quando o planejamento para ir para o South by Southwest teve início?

R.: Em novembro, quando o convite chegou, começou a correria do processo que antecede a viagem. Somos meio que o azarão do festival, correndo por fora e fazendo solitariamente e na marra nossa própria produção e assessoria de imprensa, sem selo ou produtora que nos valham. Justamente por isso, a gente se agarrou com tanta força a esse convite e desde o início decidiu que não poderia perder essa chance de jeito nenhum. Num festival com 1.500 atrações e milhares de pessoas de todo o mundo, entre músicos, produtores, empresários e público querendo ver coisas novas, uma banda enche a caderneta de contatos e negocia sua música com gente disposta a comprá-la e publicá-la em outros países.

3 – Quais os principais obstáculos enfrentados para concretizar a idéia de ir para o South by Southwest?

R.: Obviamente, o primeiro obstáculo é o dinheiro. Os números na calculadora desanimaram a gente muitas vezes. Depois tem toda a burocracia para a solicitação dos passaportes e dos vistos para entrada nos Estados Unidos. E a gente ainda tem que lidar com o medo de avião do nosso baterista. Viajar deveria ser mais fácil!

4 – Quem está pagando os custos para a banda ir para o South by Southwest? Houve algum apoio estatal?

R.: Até agora, nossos próprios bolsos. Desde que chegou o convite temos buscado apoio, enviando projetos e nos inscrevendo em editais. Ainda estamos à espera de algumas respostas de órgãos da prefeitura e do governo, mas de outros lugares as respostas que recebemos foram negativas. Parece brincadeira, mas um grande desafio no Ceará é mostrar que um festival enorme e tradicional como o SXSW tem alguma relevância. Além de as pessoas sequer saberem da existência do festival, persiste a inclinação natural e já anacrônica de priorizar a "música regional", ainda que em muitos casos ela seja feita de forma boba e caricata.
À parte disso, tem gente nos apoiando como pode e ajudado muito. É o caso da ACR – Associação Cultural Cearense do Rock, que topou assinar projetos que a gente não poderia inscrever sozinhos, e da TV O Povo, que quer documentar e exibir a nossa tour na programação.


Complemento: Vocês buscaram apoio onde? Quais editais? Quais empresas privadas? Se der certo com o governo municipal e com o governo estadual, que tipo de apoio vocês irão receber?

R.: Temos na Secult - Secretaria de Cultura um projeto candidato aos recursos do FEC - Fundo Estadual de Cultura. O projeto vai ser julgado essa semana, na primeira reunião do Conselho Estadual de Cultura em 2008. Também estamos concorrendo ao Edital das Artes, da FUNCET - Fundação de Cultura, Esporte, e Turismo de Fortaleza, ligada à Prefeitura, e o resultado sai no fim de fevereiro. Estamos também à espera de uma resposta do SEBRAE, que já tinha conhecimento da nossa situação e se mostrou bastante receptivo. Para facilitar a aprovação dos projetos, não incluímos nos custos hospedagem nem alimentação. Pedimos apenas as passagens e despesas com passaporte e visto. Procuramos também o programa de apoio cultural da TAM e outras empresas privadas locais, mas nenhuma delas nos deu resposta.
Buscamos ainda patrocínio direto no BNB - Banco do Nordeste do Brasil, mas eles não foram tão gentis. O encarregado disse não ver nada de extraordinário no SXSW e procurou argumentar comparando o convite para o festival com outros casos em que artistas e grupos de teatro locais vão até lá pedir dinheiro para fazer apresentações pelo interior.


5 – Além do South by Southwest, a banda vai aproveitar para fazer mais shows no exterior? Onde e quantos?

R.: Vamos tocar apenas no SXSW. Desde que o convite chegou, temos lido e ouvido de muita gente que não vale a pena desembolsar tanta grana pra tocar meia hora nos EUA e voltar. É um modo de encarar as coisas, mas não vemos o show como o principal dessa viagem. É um investimento alto que vale pela repercussão que provoca. Desde novembro, temos feito muito barulho em torno da nossa participação no festival. Isso gerou algumas matérias sobre o assunto em jornais locais e fez com que nosso nome fosse citado também em matérias de outros lugares sobre os artistas brasileiros no SXSW deste ano, o que significa mais gente vendo e ouvindo a banda. O festival está se aproximando, e essa visibilidade tende a aumentar. Esses dias saímos na SXSWorld, a revista do festival, numa matéria especial sobre os artistas internacionais no SXSW. Mas além de clipping novo, os contatos e as infinitas possibilidades de fazer negócios com a nossa música e preparar o caminho pra outra viagem futura fazem a coisa valer a pena.

6 – A empreitada será deficitária ou superavitária?

R.: É, como eu disse antes, um investimento financeiramente alto, mas que pode ser muito lucrativo em outros termos. Desde que saiba tirar proveito da situação, a banda cresce e engorda o currículo, ainda que a conta bancária definhe. No mínimo, vale o turismo pelos states! (hehehe).

7 – Qual a expectativa da banda com a participação no SXSW?

R.: A gente tá na garagem ensaiando pra fazer um grande show no Texas. Vamos tocar músicas novas e levar um material novinho pra lançar lá. É o nosso primeiro show no exterior, né? Eles têm que gostar da gente pra gente poder voltar! Gostem da gente, gostem!


Tita Lima


1 – Quantos shows você já fez fora do Brasil? Onde foram?

R.: Vou te mandar um arquivo com essa resposta em anexo (foram muitos shows, então, o melhor é conferir a relação aqui no site da Tita).

2 – Por que ir para o South by Southwest é importante? Quando o planejamento para ir para o South by Southwest teve início? Você participou do SXSW 2007. Como foi essa experiência?

R.: É muito importante, porque por uma semana a cidade pára e fica totalmente voltada à indústria da música. Lá conheci bandas como Nomo (banda de Afrobeat), fiz um programa de rádio ao vivo da KUT e BBC (uma das minhas melhores gravações ao vivo), encontrei David Byrne andando de bicicleta na rua, vi o show do Perry Farrel, Public Enemy e uma cassetada de bandas novas que nunca tinha ouvido falar antes. Toquei no Nublu... Enfim, é show que não acaba mais, gente de selo do mundo todo... fiquei até tonta de tanta gente que conheci... não dá para lembrar de todo mundo e de quantos cartões que se recebe.

3 – Quais os principais obstáculos enfrentados para concretizar a idéia de ir para o South by Southwest?

R.: Money! Dinheiro! Patrocínio!

4 – Quem está pagando os custos para a banda ir para o South by Southwest? Houve algum apoio estatal?

R.: Até agora ninguém, assim como no Womex tentamos através do MINC e, mesmo sendo somente para cobrir o custo aéreo, recebemos uma resposta negativa. Apesar de eu ter sido a única cantora brasileira (junto a Yamandu e Mestre Siba) a ser convidada para o Festival.

5 – Além do South by Southwest, a banda vai aproveitar para fazer mais shows no exterior? Onde e quantos?

R.: Sim, estamos ainda cofirmando datas, mas NUBLU em NY e Temple Bar em Los Angeles já estão fechados.

6 – A empreitada será deficitária ou superavitária?

R.: Ainda não sabemos, pois não temos todas as datas confirmadas, nem uma resposta de patrocínio aéreo.

7 – Qual é sua a expectativa com a participação no SXSW?

R.: Quero encontrar Adrian Quesada, com quem estou escrevendo musicas há 3 meses, ele é do selo ESL, o mesmo de Thievery Corporation, e ainda não o conheço pessoalmente, só por meio do myspace. Também quero encontrar com o MC Ohmega Watts, com quem fiz colaborações no seu disco novo. Como estou indo com minha empresária (da última vez fui sozinha) pretendo tirar proveito dos encontros musicais, estou muito a fim de cantar com esses dois artistas mencionados, ver shows, bandas novas e deixar a parte administrativa para Celina Correa (minha empresária).

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